A aplicação de taxas sobre comboios no porto de Sines pode colocar “cerca de 50 a 60 mil camiões na estrada por ano”, de acordo com o director executivo da APEF – Associação Portuguesa de Empresas Ferroviárias, Miguel Rebelo de Sousa.
Miguel Rebelo de Sousa remeteu para os cálculos da Administração do Porto de Sines (APS), que estima os custos para cerca de 60% do transporte ferroviário, considerando que pode “perder 40% do transporte ferroviário”.
“Se perder 40% do transporte ferroviário, isso significaria cerca de, grosso modo, dos 5.500, perder cerca de 2.200 ou 2.300 comboios ‘one-way’ para a rodovia. Se pensarmos que cada comboio equivale a 30 ou a 40 camiões, estamos a pôr mais cerca de 50 a 60 mil camiões na estrada por ano”, apontou o presidente da APEF numa audição na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação.
Na audição, no seguimento de um requerimento do PSD sobre o tema, o presidente da APEF criticou a aplicação desta taxa – que iria aplicar-se apenas ao transporte ferroviário – junto de um setor que “tem de ser competitivo” e que acaba por ir contra o “objetivo de descarbonização dos transportes”.
O responsável da associação que representa operadores ferroviários defendeu que o transporte ferroviário de mercadorias “contribui para a descarbonização de uma forma muito objectiva”, uma vez que, em média, “consome cerca de cinco vezes menos energia do que consome o transporte rodoviário” e emite “nove vezes menos emissões de dióxido de carbono que o transporte rodoviário”.
Assim, referiu que “não faz sentido esta taxa ser atribuída em exclusividade à ferrovia”, uma vez que um “camião que anda na estrada nacional não paga qualquer tipo de custo associado à utilização dessa infraestrutura”.
Miguel Rebelo de Sousa teme que a aplicação desta portagem acabe por se reflectir nos consumidores, uma vez que não serão as transportadoras a absorver o aumento dos custos de operação.
“Certamente que não ajuda nada à competitividade da economia nacional e à competitividade das exportações nacionais, porque corremos o risco também de, tendo em consideração que os operadores ferroviários não vão absorver estes custos, porque não é possível, os operadores ferroviários imputarem estes custos aos seus clientes”, alertou.
De igual forma, registou que os clientes, quando confrontados com os custos do transporte, possam olhar “para as alternativas que existem e escolherem outras alternativas à ferrovia em primeira instância, claramente, mas também ao Porto de Sines”.
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